25 de fevereiro de 2012

Eu preciso de ritos...


Eu ainda não entendi porque as pessoas não aprenderam a valorizar a rotina.
Claro! Eu preciso me explicar primeiro: sempre ouço pessoas dizendo “não deixe sua amizade cair na rotina”; “não deixe seu trabalho cair na rotina”; “não deixe seu casamento cair na rotina”. Enquanto outras pessoas afirmam: eh.... a culpa foi toda dele, afinal deixou o relacionamento cair na rotina; ele foi despedido porque fazia seu trabalho de forma rotineira e sem criatividade; deixaram de serem amigos porque a amizade boa é aquela que inova sempre.
Ah... não suporto essas frases. Será que a rotina é tão ruim assim?
A tradução de rotina no dicionário é “Caminho utilizado normalmente; itinerário habitual”. Em sentido figurado é “Hábito de fazer uma coisa sempre do mesmo modo, mecanicamente; repetição monótona das mesmas coisas; apego ao uso geral, sem interesse pelo progresso”.
Deixando de pensar sobre o sentido figurado atribuído a palavra rotina e levando em consideração apenas o sentido real da palavra, posso afirmar sim... que a rotina é algo positivo.
Nossa vida é feita de caminhos habituais e isso não é ruim. É gostoso ir a um determinado bar com freqüência e conhecer o garçom e o dono, e quem sabe, sentar na mesma mesa com certa habitualidade.
E conhecer o trabalho, a ponto de executá-lo com verdadeira precisão, não por falta de interesse em inovar, mas nem todos os trabalhos, são de publicidade. Certas funções devem sim ser executadas com precisão, e qualidade por mãos hábeis e confiantes e confiança só se adquire com tempo e esforço.
E em um relacionamento não poderia ser diferente. É pela rotina que se conhece o outro. Que se aprende sobre gostos, gestos e até mesmo sobre a ausência deles. Inovar não é garantia de felicidade ou de alegria constante.
 Somos quem podemos ser e não é porque uma pessoa gosta de dormir com um determinado pijama duas vezes por semana que ela é mais ou menos divertida.
No livro O Pequeno Príncipe tem uma frase que eu adoro e que resume grande parte da minha essência: “eu preciso de ritos” e eu realmente preciso. Sou incapaz de fazer as coisas sem entusiasmo e aprendi como encontrar entusiasmo em tarefas repetitivas. O entusiasmo vem do amor com que executamos as tarefas. Não são as tarefas novas que tiram a “rotina” da vida, mas sim o amor!

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