Mostrando postagens com marcador alma. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador alma. Mostrar todas as postagens

12 de janeiro de 2008

Arte de Amar (Manuel Bandeira)

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

13 de setembro de 2007






Meus Oito Anos
Oh ! Que saudades que tenho



Da aurora da minha vida,



Da minha infância querida



Que os anos não trazem mais !



Que amor, que sonhos, que flores,



Naquelas tardes fagueiras,



À sombra das bananeiras,



Debaixo dos laranjais !



Como são belos os dias



Do despontar da existência !



- Respira a alma inocência



Como perfumes a flor;



O mar é - lago sereno,



O céu - um manto azulado,



O mundo - um sonho dourado,



A vida - um hino d'amor !



Que auroras, que sol, que vida,



Que noites de melodia



Naquela doce alegria,



Naquele ingênuo folgar !



O céu bordado d'estrelas,



A terra de aromas cheia,



As ondas beijando a areia



E a lua beijando o mar !
Oh ! dias da minha infância !



Oh ! meu céu de primavera !



Que doce a vida não era



Nessa risonha manhã !



Em vez das mágoas de agora,



Eu tinha nessas delícias



De minha mãe as carícias



E beijos de minha irmã !



Livre filho das montanhas,



Eu ia bem satisfeito,



Da camisa aberta o peito,



- Pés descalços, braços nus -



Correndo pelas campinas



À roda das cachoeiras,



Atrás das asas ligeiras



Das borboletas azuis !



Naqueles tempos ditosos



Ia colher as pitangas,



Trepava a tirar as mangas,



Brincava à beira do mar;



Rezava às Ave-Marias,



Achava o céu sempre lindo,



Adormecia sorrindo



E despertava a cantar !.........................................................................................



Oh ! Que saudades que tenho



Da aurora da minha vida,



Da minha infância querida



Que os anos não trazem mais !



Que amor, que sonhos, que flores,



Naquelas tardes fagueiras,



À sombra das bananeiras,



Debaixo dos laranjais !

Visitantes On line