Com o tempo, desaprendeu a ser livre.
Ritual de profundo desrespeito à condição humana, esta forma
de seqüestro consiste em retirar uma pessoa do local de sua identificação, de
seus significados, subordinando-a a um tratamento que tem por finalidade estabelecer
uma fragilização, que resultará num estado de total dependência e rendição, em
que o seqüestrador torna-se um legitimo proprietário da existência do
seqüestrado.
Temer uma realidade ou uma pessoa é o mesmo que lhe entregar
o direito de nos assombrar constantemente. Sempre que estamos paralisados pelo
medo, de alguma forma, estamos privados de nós mesmos.
Toda relação de domínio é sempre estabelecida a partir do
medo. Sentir medo é o mesmo que legitimar no outro o comando da situação.
O medo do inimigo pode conduzir a pessoa a esta relação
amistosa.
O medo tem o poder de gerar gentilezas agressivas, silenciosas, a
manutenção de uma fria guerra entre as pessoas.
O cativeiro minou seu amor próprio, prejudicou sua
auto-estima.
o medo assumindo sua dolorosa face do desespero.
Medo que
cega; que faz esquecer o que temos de mais sagrado. Medo que nos acorrenta aos
pés dos nossos seqüestradores, e que nos encoraja a pedir que eles tenham
piedade de nós, como se fossem deuses, com o poder de nos livrar de nossa
fragilidade. Medo que nos faz esquecer o que amávamos; que dilui nossa
identificação e que não nos permite mais a diferenciação do mundo.
Olhamos a
tudo e a todos do mesmo modo. Olhos com lentes do medo; são os olhos
pessimistas, e muito pouco podem na vida.
A sabedoria popular nos ensina que há sempre um aprendizado
a ser recolhido depois da dor. É verdade. As alegrias costumam ser preparadas
no silêncio das duras esperas. Não é justo que o ser humano passe pelas
experiências de calvários sem que delas nasçam experiências de ressurreições.
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