9 de maio de 2016

Quem me roubou de mim?

Estou lendo o livro do Padre Fábio de Melo e estou surpresa com a profundidade das reflexões. Segue algumas frases que realmente nos fazem pensar:

Com o tempo, desaprendeu a ser livre.

Ritual de profundo desrespeito à condição humana, esta forma de seqüestro consiste em retirar uma pessoa do local de sua identificação, de seus significados, subordinando-a a um tratamento que tem por finalidade estabelecer uma fragilização, que resultará num estado de total dependência e rendição, em que o seqüestrador torna-se um legitimo proprietário da existência do seqüestrado.

Temer uma realidade ou uma pessoa é o mesmo que lhe entregar o direito de nos assombrar constantemente. Sempre que estamos paralisados pelo medo, de alguma forma, estamos privados de nós mesmos.

Toda relação de domínio é sempre estabelecida a partir do medo. Sentir medo é o mesmo que legitimar no outro o comando da situação.

O medo do inimigo pode conduzir a pessoa a esta relação amistosa. 

O medo tem o poder de gerar gentilezas agressivas, silenciosas, a manutenção de uma fria guerra entre as pessoas.

O cativeiro minou seu amor próprio, prejudicou sua auto-estima.

o medo assumindo sua dolorosa face do desespero. 

Medo que cega; que faz esquecer o que temos de mais sagrado. Medo que nos acorrenta aos pés dos nossos seqüestradores, e que nos encoraja a pedir que eles tenham piedade de nós, como se fossem deuses, com o poder de nos livrar de nossa fragilidade. Medo que nos faz esquecer o que amávamos; que dilui nossa identificação e que não nos permite mais a diferenciação do mundo. 

Olhamos a tudo e a todos do mesmo modo. Olhos com lentes do medo; são os olhos pessimistas, e muito pouco podem na vida.


A sabedoria popular nos ensina que há sempre um aprendizado a ser recolhido depois da dor. É verdade. As alegrias costumam ser preparadas no silêncio das duras esperas. Não é justo que o ser humano passe pelas experiências de calvários sem que delas nasçam experiências de ressurreições. 

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