Carta MCC Dez 2007 – (nr0.100)
“O anjo então lhes disse: ‘Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor!” (Lc 2,10-11)
Meus amados leitores e leitoras, cristãos na expectativa de uma grande alegria:
Nesta carta de dezembro é meu desejo falar de alegria. Não, porém, da alegria de escrever esta carta de número cem, pois com ela como com as demais, nada mais faço do que ajudar a evangelizar a única e verdadeira alegria. Pois, com estas cartas mensais desejo sempre anunciar uma alegria que não se mede por números e, sim, pelo seu conteúdo que pretendo seja o próprio Cristo Jesus.
Também não vou deter-me em falar das fugazes alegrias proporcionadas por avançadas tecnologias que, sobretudo neste tempo, mexem com a emoção das pessoas, levando-as a um consumismo exagerado do supérfluo e do provisório. Nem em falar das superficiais e transitórias alegrias das tão atrativas cores das árvores artificiais ou dos frágeis enfeites natalinos. Tampouco vou falar de movimentos e momentos mágicos – a decantada publicidade da “magia do natal”! - que encantam e fascinam os olhos, mas que não trazem alegria ao coração. Nem mesmo vou falar dos presentes trocados entre os que se amam ou entre os que se odeiam: aqueles com a mais sadia das intenções, estes com o mais ridículo dos oportunismos. Não vou falar, ainda, dos estereotipados “votos de um bom natal”, quase sempre, salvas as valiosas e conscientes exceções, resultado de uma certa obrigação sem qualquer significado para quem envia e de obrigação de resposta para quem recebe. Finalmente, não vou falar das assim chamadas “festas natalinas” que proporcionam, via de regra, muito mais ruidosas alegrias cheirando a festas pagãs do que à celebração silenciosa e, ao mesmo tempo, exultante, dAquele que vem para a salvação de toda a humanidade. Lê-se no livro da Sabedoria que veio do céu a Palavra de Deus todo-poderosa “quando um tranqüilo silêncio envolvia todas as coisas e a noite chegava ao meio do seu curso...” (cf.Sb 18,14).
Quero, sim, amados leitores, falar-lhes, como o anjo aos pastores, da “grande alegria, que será também a de todo o povo”: a alegria que é o próprio “Salvador, o Cristo Senhor”. Quero falar dessa divina e, ao mesmo tempo, humana alegria que motivou milhões de seres humanos durante mais de dois mil anos a segui-la e, até, por ela dar a própria vida. Por isso, o nascimento de Jesus, o Natal que se aproxima será mais uma oportunidade de vivenciar, em plenitude a alegria de:
a) sempre mais profundamente, nos identificarmos com Ele. Pois o Salvador, o Cristo Senhor, a Palavra “se fez carne e veio morar entre nós” (Jo 1,14);
b) sermos seus discípulos, motivados por um encontro continuamente renovado, sobretudo no Natal: “Neste encontro com Cristo, queremos expressar a alegria de sermos discípulos do Senhor e de termos sido enviados com o tesouro do evangelho” (Documento de Aparecida (DA) 28). E mais: “A alegria do discípulo não é um sentimento de bem-estar egoísta, mas uma certeza que brota da fé, que serena o coração e capacita para anunciar a boa nova do amor de Deus” (DA 29);
c) sermos enviados nestes novos tempos do terceiro milênio para, como o fizeram os pastores, anunciar a sua chegada: “quando o viram, contaram as palavras que lhes tinham sido ditas a respeito do menino” (Lc 2,17). De uma forma nova, o Documento de Aparecida vem dizer-nos o que significa, hoje, “contar as palavras” ouvidas: “Desejamos que a alegria que recebemos no encontro com Jesus Cristo, a quem reconhecemos como o Filho de Deus encarnado e redentor, chegue a todos os homens e mulheres feridos pelas adversidades; desejamos que a Boa Nova do Reino de Deus, de Jesus Cristo vencedor do pecado e da morte, chegue a todos quantos jazem à beira do caminho, pedindo esmola e compaixão....”(DA 29).
Não poderiam ter sido mais oportunas as orientações dos nossos Pastores de hoje para vivenciarmos o Natal de Jesus, a divina alegria anunciada pelos anjos aos pastores de ontem. Naquele tempo o povo estava oprimido e escravizado. São as mesmas e talvez piores as circunstâncias de hoje. Pois agora em amplitude planetária: “A alegria do discípulo é antídoto frente a um mundo atemorizado pelo futuro e oprimido pela violência e pelo ódio” (DA 29).
Para nós, portanto, discípulos missionários de Jesus, celebrar o Natal no ano de 2007 significa dar ao mundo o maior presente que é não guardar para nós mesmos a alegria do encontro com Jesus. É anunciar aos homens e mulheres, nossos contemporâneos e companheiros de jornada, que “nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor”. Ouçamos também nós este anúncio com palavras de hoje: “Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pess0oas pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria” (DA 29).
Para terminar, volto aos pastores daquela noite única na história da nossa salvação, pois com eles somos chamados a nos identificar no Natal de hoje. Assim como eles que, fascinados pelo recado recebido, “foram às pressas a Belém e encontraram Maria e José, o recém-nascido deitado numa manjedoura...e quando o viram contaram as palavras que lhes tinham sido ditas a respeito do menino”, também você, meu irmão, minha irmã, não feche seus ouvidos à voz de outros anjos que a todos nos convidam: “Com a alegria da fé, somos missionários para proclamar o Evangelho de Jesus Cristo e, nEle, a boa nova da dignidade humana, da vida, da família, do trabalho, da ciência e da solidariedade com a criação” (DA 103).
Com um abraço carinhoso, na alegria do recém-nascido, Ele mesmo a verdadeira alegria e, por isso, a fonte de todas as alegrias, desejo para todos vocês, irmãos e irmãs, um santo, feliz e alegre Natal!
Pe.José Gilberto Beraldo
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